No nosso contexto brasileiro, é muito comum que as esposas de futuros plantadores se sintam ameaçadas em sua segurança e receosas de adentrarem num ministério de plantar uma nova igreja. Afinal, não faz sentido algum mudar de uma igreja já pré-estabelecida onde se tem o conforto e a segurança ministerial para adentrar num projeto novo sem garantias de que será bem sucedido. Tão pouco, mudar de cidade, encontrar nova escola para os filhos, viver afastado de amigos e familiares, etc.
Muitas nem sequer sabem se têm um chamado de Deus nessa direção. Em relação ao Chamado de Deus, vejam o que Os Guinness escreveu: “Quando nos levantamos em resposta a um chamado, esse chamado nos dá um nome, uma identidade. Somente quando ouvimos aquele que nos chama podemos receber nossa identidade porque nos tornamos quem Deus nos chamou a ser.” (O Chamado – pg32) “Na Verdade, Deus nos chama para sermos ‘nós mesmos’ e para ‘fazer o que somos’. Mas, só somos verdadeiramente nós mesmos e podemos realmente fazer o que somos quando obedecemos o chamado de Deus” (O Chamado – pg 57) De acordo com Os Guinness, há uma profunda relação entre chamado e identidade, então. Todos nós temos o chamado primário de sermos discípulos de Cristo, mas além dele, temos outros chamados secundários que vão se tornando claros à medida que desenvolvemos nossa vida cristã. Então, o Chamado primário de Deus para nós nos dá uma identidade maravilhosa: somos filhas de Deus, irmãs do Senhor Jesus, chamadas para sermos à sua imagem e semelhança. O chamado secundário complementa nossa identidade, como por exemplo: sou filha de Deus, irmã de Jesus, chamada para ser semelhante a Ele em tudo, e chamada para o seu serviço como plantadora de novas igrejas ao lado do meu marido. No caso do chamado para plantar uma nova igreja, não se deve adentrar nesse campo se não tiver de Deus uma convicção desse chamado secundário. E isso só virá com muita oração individual, conjugal, familiar e comunitária. Se você e seu marido ainda não têm profunda clareza de que essa é a vontade de Deus para vocês, reúnam um grupo de irmãos para junto com eles se dedicarem à oração sobre esse ponto específico, até que essa convicção alcance vocês. Mas, talvez você possa se perguntar: é necessário mesmo que eu também tenha esse chamado para a plantação de uma igreja? Só a convicção do meu marido acerca disso já não basta? Para responder a essa pergunta, quero convidar a Shari Thomas (neta, filha e esposa de plantador de igrejas, escritora, palestrante e treinadora para líderes da Igreja, e também coordenadora do ministério Parakaléo, que atua para-eclesiasticamente no apoio a esposas de plantadores) que disse o seguinte: “Parceria na pregação do Evangelho e no Chamado para a Plantação de Igrejas é crucial – não opcional – se você deseja que tanto o ministério quanto seu casamento sejam bem sucedidos” É importante que a esposa do plantador compreenda que o chamado para esse tipo de missão não é apenas do seu marido. O papel que ela tem é de suma importância para o sucesso desse empreendimento para o Reino de Deus. Além disso, abraçar o chamado para a plantação de uma nova igreja afetará a família toda do plantador. Pois, diferentemente do que acontece quando outro profissional qualquer enfrenta um novo desafio, seja lá onde for, essa mudança não requer que a família dele se envolva no seu novo espaço ou novo ambiente de trabalho. Mas, adentrar num projeto de plantação de uma nova igreja implicará, sim, que todos os membros da família tenham uma vivência comum na mesma comunidade onde o plantador exerce o seu trabalho. Isso não significa um impacto negativo para a família, mas com certeza exigirá mais da família do plantador do que de um outro tipo de profissional. Pois, tanto o plantador quanto sua esposa e filhos estarão empregando tempo, energia e amor na nova igreja, juntos. Muito do seu convívio social será gasto com a comunidade. Então, no processo de se autodescobrirem como plantadores de igreja, você e seu esposo devem se questionar , sem medo: É vontade de Deus para nossas vidas? Temos realmente o perfil para assumir esse desafio neste momento? Temos suporte emocional suficiente para enfrentá-lo? Agora, perceba a ênfase das perguntas. Todas foram feitas na primeira pessoal do plural: “Nossas” vidas, “Nós” temos perfil? “Nós” temos suporte? Ou seja, é uma decisão CONJUNTA. O sim do seu esposo não será suficiente, sem o seu. Por isso, quero lembrar a vocês, esposas, algo que descobri há algum tempo e que tem me trazido uma motivação especial nessa missão de plantadora de uma igreja junto com meu esposo. Para isso, convido vocês a lerem comigo o texto que se encontra em Gênesis 2:18 "Não é bom que o homem esteja só; farei para ele alguém que o auxilie e lhe corresponda". Dois termos hebraicos neste versículo fornecem informações importantes para entender melhor a criação de Eva como a primeira mulher. A palavra traduzida como "auxiliar" é o termo 'ezer' no hebraico, que significa: “algo ou alguém que está ao redor, dando apoio, dando suporte, ajudando, socorrendo”. Essa palavra é usada cerca de 21 vezes no Antigo Testamento. Dentre essas 21 aparições, em 2 lugares “ezer” serve para se referir à mulher como auxiliadora do homem (Gn 2:18 e 20). Mas, em outras 16 vezes ela é usada para se referir a Deus como o ajudador, o socorro, o amparo de Seu povo. Como por exemplo: Salmo 115:9-11 : “Confie no Senhor, ó Israel! Ele é o seu socorro e o seu escudo. Confiem no Senhor, sacerdotes! Ele é o seu socorro e o seu escudo.Vocês que temem ao Senhor, confiem no Senhor! Ele é o seu socorro e o seu escudo.” Ora, nós certamente não vemos Deus como um ajudante, ou como um mero subserviente aos seres humanos, não é? Igualmente, não devemos entender o papel de “Auxiliadora” em Gn 2:18 como uma posição de subserviência. Se considerarmos que “ezer” em relação à mulher tem a mesma conotação da palavra usada para se referir à missão consoladora, protetora e ajudadora de Deus (“Ezer”), podemos entender melhor qual a real importância da função feminina de auxiliar do homem. Para frisar isso, a palavra “ezer” vem acompanhada da palavra “kenegdo” que significa correspondente, ou melhor “o oposto correspondente dele”. Eva não foi criada acima ou abaixo de Adão; ela era complementar. Saber disso muda ou não a nossa perspectiva acerca do propósito de Deus para a criação da mulher? E mais, saber que Deus propositalmente uniu você e seu marido concebendo a ideia de que você seria para ele uma auxiliar correspondente , uma “ezer kenegdo”, lhe traz um novo sentido acerca da importância que você exerce na missão que Deus tem confiado a vocês?
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