Por Sonia Agreste No relato do surgimento da primeira mulher podemos observar claramente o propósito para o qual Deus a criou. “O Senhor Deus declarou: não é bom que o homem esteja só; farei para ele alguém que o auxilie e lhe corresponda” Assim, a mulher surge com a função de ser uma auxiliadora à altura do homem. Num primeiro momento, corremos o risco de dar um sentido depreciativo à palavra ‘auxiliadora’, permitindo-nos pensar que a função da mulher é secundária, inferior ou menos importante. Mas, se considerarmos que essa palavra tem a mesma conotação da palavra usada para se referir ao Espírito Santo em João 14:16, podemos pensar que a mulher tem a função de auxiliar o homem da mesma forma como o Espírito Santo é designado a auxiliar os seres humanos. Saber disso muda bastante a nossa perspectiva sobre esse assunto. Ao longo da vida e do ministério de Jesus, verificamos que as mulheres sempre se fizeram presentes cumprindo exatamente essa função que lhes foi dada por Deus. Foi assim com Maria, a mãe de Jesus, que se entregou inteiramente à disposição de Deus para gerar e cuidar do Messias, tornando-se mais tarde uma de suas discípulas: “Sou serva do Senhor; que aconteça comigo conforme a tua palavra” (Lc 1:38). Foi assim também com Maria Madalena, Joana, Suzana e muitas outras que, ao serem tocadas pelo poder de Cristo, tornaram-se suas seguidoras, dedicando-lhe suas vidas e bens (Lc 8:1 a 3). Foram mulheres que primeiramente testemunharam a ressurreição de Jesus, sendo por ele incumbidas de espalhar essa notícia aos outros discípulos. Mulheres também, com o passar do tempo, tornaram-se colaboradoras dos apóstolos, mundo afora. Prova disso encontramos nas cartas do apóstolo Paulo, quando ele menciona os nomes de Priscila, Maria, Trifena, Trifosa, Pérside, Júlia, Olímpia, Evódia, Síntique, e muitas outras, chamando-as de cooperadoras com ele na propagação do Evangelho. A Bíblia relata o tipo de auxílio que as mulheres prestavam à igreja do primeiro século. Algumas exerciam a hospitalidade, como no caso de Lídia, que tendo sido batizada convidou Paulo e seus companheiros a ficarem em sua casa (At 16:15). Outras exerciam o ministério do apostolado e do ensino, como Priscila que juntamente com seu marido Áquila partiram em viagem missionária com Paulo, e cuidaram de uma igreja que se reunia em sua casa. Este mesmo casal orientou com mais exatidão o eloquente, mas inexperiente pregador Apolo acerca do caminho de Deus através de Jesus (At 18: 24 a 26). Algumas, como as quatro filhas do diácono Filipe, tinham o dom da profecia (At 21:8 e 9). Outras se destacavam nas boas obras, como Dorcas que, além de dar esmolas, costurava vestidos para viúvas (At 9: 36 a 39). As mais velhas se dedicavam na orientação às jovens esposas acerca de suas responsabilidades conjugais, maternais e sociais (Tito 2:3). Outras perseveravam, juntamente com os discípulos, no ministério da oração (At 1:14). Assim, vemos que desde o começo a mulher tem exercido um papel muito importante na construção da Igreja. Agora, cabe a cada uma de nós identificar os dons que Deus nos concedeu para a edificação do corpo de Cristo e exercê-los com zelo e temor diante do Senhor e dos irmãos.
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Por Sonia Agreste - (baseado no Livro Igreja Centrada de Tim Keller) Quando o evangelho é exposto e aplicado em sua plenitude em qualquer igreja, ou seja, quando uma igreja se torna centrada no Evangelho, ela se manifesta como uma igreja singular e híbrida. As pessoas à sua volta descobrirão nessa igreja um equilíbrio atraente e contagiante entre convicção moral, compaixão e vida espiritual. Será uma igreja que equilibra várias tendências: Evangelizadora Discipuladora Serva da Justiça Conversão comunidade bem-estar da cidade Crescimento pequenos grupos envolvimento social Plantação células engajamento cultural Carisma compartilhar valorização do trabalho Mas, como uma igreja pode se tornar efetivamente centrada no evangelho? 1. A Igreja deve passar, ela mesma, pelo processo de renovação através do Evangelho Renovação pelo Evangelho implica em levar as pessoas da igreja a entenderem intelectualmente as doutrinas sobre pecado e graça, mas também a vivenciarem essas verdades a fim de torná-las compreensíveis aos seus corações. Em outras palavras, o coração humano está, por natureza, firmado na justiça baseada nas obras pessoais, não vivendo como se o evangelho fosse verdade. É comum que muitos cristãos acreditem intelectualmente o seguinte: “Jesus me aceita, portanto vou viver corretamente”. Mas, na prática o que é vivenciado por eles é o oposto: “vivo corretamente, por isso Jesus me aceita.” Por isso, é necessário que o líder
Evangelize enquanto edifica, edifique enquanto evangeliza 2. A Igreja precisa encontrar equilíbrio na contextualização em relação à cultura vigente. Contextualizar equilibradamente é traduzir e adaptar a comunicação e o ministério do Evangelho a determinada cultura sem comprometer a essência e as particularidades do próprio Evangelho. É fazer contato com a cultura e ao mesmo tempo desafiá-la, e confrontá-la. A cultura envolve os costumes, comportamentos, bens materiais e intelectuais, as artes, os meios de comunicação, etc. Todos esses elementos estão estruturados em torno de uma cosmovisão. Então, se queremos contextualizar equilibradamente o Evangelho a uma cultura, devemos trabalhar primeiramente nos pressupostos que baseiam a sua cosmovisão. Todas as culturas têm elementos bons e ruins. Se um aspecto da cultura não compromete a essência do Evangelho e torna o pregador mais acessível aos seus ouvintes, não há motivo para não se adaptar a esse elemento. Vista dessa maneira, a contextualização saudável é uma expressão de humildade. Significa optar em favorecer o outro, por amor. Podemos encontrar um exemplo de contextualização saudável em I Cor. 1:22-25: Os judeus pedem sinais miraculosos, e os gregos procuram sabedoria; nós, porém, pregamos a Cristo crucificado, o qual, de fato, é escândalo para os judeus e loucura para os gentios, mas para os que foram chamados, tanto judeus como gregos, Cristo é o poder de Deus e a sabedoria de Deus. Porque a loucura de Deus é mais sábia que a sabedoria humana, e a fraqueza de Deus é mais forte que a força do homem. A cultura grega valorizava a filosofia, o conhecimento intelectual e as artes. Para os gregos, a salvação vir através de um homem crucificado era loucura, ou pura tolice. A cultura Judaica dava grande valor aos sinais miraculosos, ao poder e à força. Para os judeus, a salvação vir de graça, através do sacrifício de outra pessoa e não do esforço próprio era fraca e insuficiente. Um salvador fraco e sofredor não fazia sentido algum para eles. Então, o evangelho ofendia as duas culturas, e fazia com que a cosmovisão das pessoas tivesse que ser alterada profundamente. Paulo não negociava isso, pelo contrário, dava ênfase à superioridade do plano de Deus para a salvação através do Evangelho. Isso era essencial e imutável. Entrar na cultura para melhor compreendê-la é o primeiro passo para a contextualização sadia. A melhor fonte para isso são as horas gastas em relacionamentos e conversas sinceras com as pessoas que você quer alcançar para Cristo. Ações práticas para adentrar na cultura da cidade:
Mas, é preciso estar alerta para o perigo maior da contextualização que é a relativização daquilo que é absoluto e essencial: O Evangelho. Por exemplo, o naturalismo no inicio do Século XX que rejeitava qualquer intervenção sobrenatural de Deus levou o Cristianismo ao liberalismo da época. Muitos cristãos que se adaptaram à cultura ao invés de confrontá-la, por exemplo, afirmando que a Bíblia é um documento humano e contém erros e contradições, ou que Jesus é o filho de Deus, mas não é da mesma essência que Ele, ou que a morte de Jesus não é um sacrifício para expiação da culpa humana, mas um exemplo de demonstração de amor sacrificial. James Hunter propôs uma descrição de 4 modelos de relacionamento entre igreja e cultura, e enfatiza que todos eles têm seus pontos positivos e negativos:
1. O Modelo Contracultural Enfatiza que a igreja é contrastante com o mundo ao seu redor, ressaltando que o reino de Deus se manifesta como uma comunidade em oposição ao reino deste mundo. Desta forma, não enxerga a possibilidade de Deus estar trabalhando para a redenção da humanidade por meio de movimentos culturais externos à vida eclesiástica, através da graça comum. A sociedade está fadada a ser sempre um reino subjugado ao império das trevas. Isso leva a igreja a não se esforçar para se tornar relevante para a cultura da sociedade a sua volta, uma vez que ela não tem como ser redimida, e é altamente invasiva, desejando corromper a fé cristã. (Exemplos desse modelo: Amish, novos monásticos, anabatistas, etc). Essas comunidades contraculturais fazem uma critica constante aos empreendimentos modernos, os mercados capitalistas e governos. Mas, o mais grave é que tendem a minimizar as doutrinas da justificação e do sacrifício reconciliatório de Cristo. 2. O Modelo da Relevância Enfatiza que Deus trabalha redimindo os movimentos culturais através da filosofia, psicologia, da moral e ética, para que os seres humanos possam desenvolver um estilo de vida abnegado e voltado para o bem comum. Não é só o fato dessas coisas serem boas de forma geral, mas elas são obra do Espírito Santo. As igrejas desse modelo buscam edificar para Cristo a partir da cultura. A ideia é que o Espírito Santo está operando na cultura para expandir seu reino, portanto ela é uma aliada, justificando o engajamento cultural da igreja. São otimistas e conferem alto valor ao "bem comum” e ao desenvolvimento humano. Não trabalham com a pressuposição de uma cosmovisão cristã, e evitam a retórica negativa de uma cultura moribunda ou em declínio. Fazem pouca distinção entre o modo que cada cristão deve agir na sociedade e na igreja, e seu discurso tende a se aproximar do discurso da autoajuda, autorrealização, do pluralismo experimental, da narrativa mística, fluida, global, e da preferência comunal/tribal. As ênfases tendem a levar os grupos a uma relação extremamente horizontal, na qual a pregação do evangelho e a ação social, por exemplo, tornam-se indistintas e os discursos quase que se confundem, em nova embalagem, com os da teologia da libertação. Assim sendo, a ação social, como ato de amor, já é pregação e pode dispensar a proclamação. (Por exemplo: mega igrejas, e igrejas emergentes (Brian Maclaren - Cedar Ridge Community Church com sua Ortodoxia Generosa). A teologia Liberal é um exemplo do risco que esse modelo tem. As igrejas liberais não acreditam na infalibilidade da Bíblia, na encarnação de Cristo, no seu sacrifício expiatório e muito menos na sua ressurreição literal. Para elas, Deus está continuamente se revelando à medida que a história se desenrola e se desenvolve. 3. O Modelo Dois Reinos O rótulo Dois Reinos surge do ensino básico de que Deus governa toda a criação, mas o faz de dois modos distintos. Primeiro, há o reino comum, ou terreno, estabelecido pela aliança entre Deus e Noé em Gn 9. Todos os seres humanos fazem parte desse reino e são capazes de distinguir entre certo e errado através da revelação natural de Deus, ou da graça comum. Segundo, há o reino redentor, estabelecido pela aliança entre Deus e Abraão em Gn 12. Somente os cristãos fazem parte desse reino, sendo agora governados pela revelação especial da Palavra de Deus e não mais pela graça comum. Aqui os cristãos são incentivados a usarem suas atividades profissionais como uma forma de servir a Deus, porém, não com o intuito de transformar a cultura vigente em uma cultura cristã. Os cristãos devem se dispor a trabalhar ao lado de seu próximo não cristão sem impor padrões bíblicos na sociedade. O objetivo único desse serviço é o de restringir o mal. O problema dessa abordagem é que isso leva os cristãos a entenderem que o seu trabalho é “secular” e não o consideram como um trabalho para o reino de Deus. Consequentemente, os cristãos que trabalham em profissões “seculares” tendem a ser menos valorizados que os Clérigos. Nesse modelo, os governos das nações e a cultura não são demoníacos nem tão pouco caídos, necessitando uma redenção. São apenas locais da graça comum, onde os cristãos necessitam desenvolver suas vocações com habilidade e alegria com o intuito de servirem a Deus e ao próximo sem a incumbência de restaurarem a criação ou de levarem a cultura para uma direção cristã. As igrejas reformadas e históricas,e algumas igrejas pentecostais são exemplos desse tipo de modelo. 4. O Modelo Transformacionista Esse modelo interage com a cultura enfatizando que os cristãos devem exercer, sim, suas profissões a partir de uma cosmovisão cristã, e assim transformar a cultura. Todo comportamento cultural pressupõe um conjunto de crenças, e a forma como o cristçao atua na sociedade poderá direcionar essa sociedade a um determinado rumo, e consequentemente, estará sofrendo uma transformação cultural. A linguagem da direita religiosa implementa esse modelo através do ativismo político, convocando cristãos a adentrarem nas instituições culturais, a fim de estabelecerem uma filosofia política conservadora. Sonham com um cristianismo restaurado ao seu estado original onde o governo apoia abertamente a fé cristã, mas oferece tolerância mínima a outras crenças. Esse modelo também é implementado pelos neocalvinistas, que possuem uma visão mais de centro-esquerda, priorizando a transformação cultural através da educação. Ambos enxergam o trabalho como uma importante forma de servir a Deus e ao seu reino, com o mesmo peso de importância que o trabalho eclesiástico possui. O grande risco desse modelo é o de cair no extremo de depreciar a igreja e o ministério, dando valor excessivo à política como meio de mudar a cultura, e não reconhecendo os perigos que o poder exerce. Por exemplo: Os Africanderes (um grupo étnico da África do Sul, descendentes dos colonos calvinistas, principalmente da Holanda), justificaram o apartheid com o propósito de manter uma "cultura cristã"na África do Sul Tim Keller defende que cada modelo acima citado é biblicamente desequilibrado. Ou seja, cada um conta com um tema central que é verdadeiro, mas insuficiente. Descobrindo um modelo mais centrado Os proponentes de cada modelo deveriam fazer o seu melhor para discernir e incorporar perspectivas dos outros modelos a fim de fazerem uma fusão das perspectivas voltando-se para o centro. Devemos aprender com todos os modelos, evitando aplicar alguns padrões básicos de reações frente ao que nos é diferente: arrogância, julgamento, frustração e ingenuidade. Evite a arrogância: É muito fácil acharmos que o modelo cultural que nos ajudou na nossa caminhada cristã é o melhor para todo mundo, e é muito fácil nos sentirmos superiores aos compararmos os pontos fortes do nosso modelo favorito com os pontos fracos dos outros modelos. Não façamos isso! Evite o julgamento: Se você vivia num modelo cultural e num certo momento da sua história acabou mudando e amadurecendo seguindo outro modelo cultural, tenderá a querer julgar e culpar o modelo anterior onde se encontrava pelos problemas da igreja. Não faça isso, perdoe e compreenda que aquele modelo também foi usado por Deus na sua edificação espiritual. Evite a Frustração: Se você faz parte de uma igreja ou denominação que não compartilha do modelo cultural de sua preferência, evite cair na oposição frontal e no radicalismo que são frutos da sua frustração. Não deixe que sua visão seja motivo de desavenças e conflitos na igreja, mas busque em Deus a sabedoria acerca da abordagem que você deve ter com as pessoas estratégicas esclarecendo a elas os motivos da sua preferência. Evite a Ingenuidade: Algumas pessoas adotam a postura pacificadora e acabam por imaginar que a igreja pode adotar todos os modelos em sua forma completa. Mas, isso é humanamente impossível. É provável que nenhuma igreja na face da terra consiga chegar a um equilíbrio pleno entre todos os modelos. Assim, desfrute dos pontos fortes do modelo que sua igreja tem, admita os seus pontos fracos e aproveite o máximo que puder dos pontos fortes dos outros modelos, sem causar rachaduras na unidade da sua igreja. O Evangelho deve nos tornar humildes para apreciar o que há de bom nos outros modelos e reconhecer o que temos no nosso, desfrutando dos seus pontos fortes, e mudando o rumo das suas fraquezas. |
Sobre nós
Somos chamadas para abrir novas fronteiras, encarar com paixão grandes desafios e servir a Cristo com todo nosso vigor, cheias de fé e determinação em levar o EVANGELHO por onde Jesus nos enviar. |